Fotografia: Paulo Sousa ,  © S.Casa da Misericórdia Sardoal  Fotografia: Paulo Sousa ,  © S.Casa da Misericórdia Sardoal


Designação do objecto:

Oratório Namban

Localização:

Sardoal, Santarém, Portugal

Museu titular:

Santa Casa da Misericórdia do Sardoal

Titular original:

Gaspar de Sousa Lacerda (?)

Proprietário atual:

Santa Casa da Misericórdia do Sardoal

Datação do objecto:

Finais do século XVI

Autor (s) / Mestre (s) / Artesão (s):

Desconhecido

Material / Técnica:

Madeira, laca (urishi), pó de ouro, pó de prata, cobre, incrustação de madre-pérola.

Dimensões:

Altura: 47,2 cm; largura: 35 cm; profundidade: 5,1 cm

Período / Dinastia:

Período Azuchi-Momoyama

Atelier / Movimento:

Arte Namban.

Proveniência:

Índia Portuguesa (?).

Tipologia do objecto:

Mobiliário eclesiástico.

Local de produção:

Japão.

Descrição:

Oratório rectangular, sobrepujado por frontão triangular em que se inscreve o monograma IHS, no centro, com duas portas, por detrás das quais se encontra uma pintura com a representação da Virgem com o Menino.
Apesar da decoração em laca apontar para uma gramática decorativa essencialmente japonesa, sobretudo de carácter vegetalista, tanto a forma como a iconografia da pintura remetem para referências essencialmente cristãs. A imagem pictórica é, em si mesma, um exemplo da possível interacção entre o seminário de pintura jesuíta, que funcionou no Japão a partir da década de 1580, e os alunos nipónicos que rapidamente demonstraram uma apetência especial na cópia de modelos e técnicas da pintura ocidental.
Deste ponto de vista, um objecto artístico com estas características sincréticas só poderia ter surgido no contexto da presença portuguesa no Japão durante o período balizado entre 1549 (estabelecimento da primeira missão jesuíta no Japão) e 1640 (ano do banimento dos portugueses do arquipélago).
A peça é referida no Inventário Artístico de Santarém como um oratório indo-português, uma informação errónea que demonstra até que ponto, em meados do século XX, os objectos namban continuavam a ser pouco conhecidos, o que não acontecia, certamente, em finais do século XVI e início do século XVII, pelo menos para uma elite portuguesa, como o prova a descoberta de uma série de oratórios deste tipo, com ou sem pintura associada, ao longo das últimas três décadas (este exemplar foi revelado pela primeira vez em 1985), facto que aponta também para o dinamismo do mercado ibérico na procura de uma produção específica.
O oratório do Sardoal apresenta a particularidade de estar associado a um espaço religioso, como o atesta a inscrição localizada no altar de Nossa Senhora da Esperança, na igreja de Nossa Senhora da Caridade. O texto, datado de 1670, é a mais antiga referência que se conhece em Portugal associada a uma peça namban.

View Short Description

Oratório namban lacado com desenhos florais em maki-e (pó de ouro e de prata polvilhado sobre a superfície) e raden (incrustação de madre-pérola), com pintura inclusa representando a Virgem com o Menino.

Como foram estabelecidas datação e origem:

Data e origem do objecto baseados nas características estilísticas e formais da peça, tomando igualmente como elemento de ponderação a inscrição associada (ver texto do campo anterior).

Historial da aquisição pelo Museu:

Objecto transferido da igreja de Nossa Senhora da Caridade para a Santa Casa da Misericórdia.

Bibliografia seleccionada:

Okamoto, Y., The Namban Art of Japan, New York, Tokyo, 1972.
Pinto, M. H. M., Lacas Namban em Portugal. Presença portuguesa no Japão, Lisboa, 1990.
Watanabe, T., “Namban lacquer shrines: some new discoveries” in Lacquerwork in Asia and Beyond. A Colloquy held 22–24 June 1981, William Watson (ed), London: Percival David Foundation of Chinese Art, SOAS, [n.d.], pp. 194–210. (Colloquies on Art and Archaeology in Asia, 11).
Cristo fonte de esperança. Exposição do grande Jubileu do ano 2000, Catálogo de exposição, Diocese do Porto, 2000.
Impey, O. e Jörg, C., Japanese export lacquer 1580–1850, Amsterdam, 2005.

Citation:

Alexandra Curvelo "Oratório Namban" in "Discover Baroque Art", Museum With No Frontiers, 2024. https://baroqueart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;BAR;pt;Mus11_A;3;pt

Autoria da ficha: Alexandra CurveloAlexandra Curvelo

APELIDO: Curvelo
NOME PRÓPRIO: Alexandra

ORGANISMO: Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

CARGO/FUNÇÃO: Conservadora de Museu

CV:
Doutorada em História de Arte e especialista em Arte Namban. É Professora Associada da Universidade Nova de Lisboa (UNL), membro do Centro de História de Além-Mar (CHAM) e Conservadora do Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.

Número interno MWNF: PT 05

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