Fotografia: Carlos Azevedo,  © Município de SantarémFotografia: Carlos Azevedo,  © Município de Santarém


Designação do objecto:

Par de naturezas-mortas: Doces e Barros e Doces e Flores

Localização:

Santarém, Santarém, Portugal

Museu titular:

Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire

 About Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire, Santarém

Titular original:

Colecção privada

Proprietário atual:

Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire

Datação do objecto:

1676

Autor (s) / Mestre (s) / Artesão (s):

Josefa de Ayala e Cabrera (Josefa d'Óbidos) (1630, Sevilha-1684, Óbidos)

Número inventário do Museu titular:

BMS/005005/PI BMS/005007/PI

Material / Técnica:

Óleo sobre tela.

Dimensões:

Doces e Barros - Altura: 84 cm; largura: 160.5 cm
Doces e Flores - Altura: 85 cm; largura: 160.5 cm

Atelier / Movimento:

Natureza-morta/Bodegones.

Proveniência:

Atelier da pintora Josefa d’Ayala e Cabrera, Colecção Anselmo Braamcamp Freire.

Tipologia do objecto:

Pintura.

Periodo de actividade:

1646–1684

Local de produção:

Óbidos.

Descrição:

Trata-se de duas naturezas-mortas pertencentes à Colecção de Anselmo Braamcamp Freire e da autoria de Josefa d'Óbidos. Neste trabalho, é visível a influência das pinturas flamenga, holandesa e andaluza que Josefa d' Óbidos, no seu género naturalista, adaptou, numa expressão muito própria. A simplicidade é a base desta pintura, onde os elementos-chave são os doces, os barros e as flores e é essa mesma simplicidade, aliada à delicada técnica desta artista assim como a uma generosa selecção cromática, que transformam estas telas em mundos silenciosos e realísticos de objectos vivos em toda a sua quietude.
É de salientar a aplicação da escala de brancos que, na sua subtileza, tornam o realismo destas telas ainda mais vivo e intensificam o despertar dos cinco sentidos, tão típico do Barroco e tão característico desta pintora.
Uma outra visão destas telas está relacionada com uma alegoria à cristandade e à vida conventual. Símbolos como o pão, as pratas e os potes relacionam-se com momentos festivos e banquetes como o é a própria Eucaristia. Por seu turno, as cerâmicas estão relacionadas com os costumes quotidianos da vila de Óbidos.
É ainda possível relacionar com o discurso barroco da Contra-Reforma, no qual se destacam os gestos e os comportamentos excessivos da natureza humana, em contraste com os princípios e os valores mais puros e simples. Peças valiosas e bordados luxuosos contracenam com rosas brancas e vermelhas, associadas ao espírito de paciência e ao martírio espiritual. Usando os seus conhecimentos sobre a simbologia e o significado das plantas, a pintora torna cada elemento um símbolo relacionado com a realidade e os valores morais e espirituais da existência humana. Assim sendo, nas cerejas e nas rosas podemos encontrar a representação da felicidade; encontramos o amor maternal nos cravos ou a vida eterna simbolizada por uma borboleta.

View Short Description

Estas duas naturezas-mortas evocam o discurso barroco da Contra-Reforma, onde se destacam gestos e comportamentos excessivos da natureza humana, simbolizados pelos elementos que representam os valores terrenos, em contraste com os valores puros e simples, simbolizados pelas flores, mais conformes com o espírito contra-reformista.

Como foram estabelecidas datação e origem:

Assinado e datado: “+ / Josepha. Em Óbidos. / 1676.”

Historial da aquisição pelo Museu:

Anselmo Braamcamp Freire doou o seu palácio e a sua colecção de arte ao município de Santarém. Estas duas obras pertencem à colecção que continua exposta no palácio, actualmente transformado parcialmente em Casa Museu Anselmo Braamcamp Freire.

Bibliografia seleccionada:

Sequeira, G. de M., Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Santarém, vol. III, Lisboa, ANBA, 1949, p. 73.
Serrão, V., (coord.), Josefa de Óbidos e o tempo barroco, Catálogo de Exposição, I.P.P.C., Lisboa, 1991, p. 203.
The Sacred and the Profane: Josefa de Óbidos of Portugal 1630–1684, National Museum of Women in the Arts, Washington, 1997.
Rouge et Or, Trésors du Portugal Baroque, Catálogo de Exposição, Paris, 2002.
Serrão, V., História de Arte em Portugal, o Barroco, Lisboa, 1º ed., 2003.

Citation:

Susana  Alves "Par de naturezas-mortas: Doces e Barros e Doces e Flores" in "Discover Baroque Art", Museum With No Frontiers, 2024. https://baroqueart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;BAR;pt;Mus11;7;pt

Autoria da ficha: Susana Alves

Número interno MWNF: PT 10

RELATED CONTENT

 Timeline for this item


On display in

Discover Baroque Art Exhibition(s)

The Ascension of the Bourgeoisie | Daily Life

Download

As PDF (including images) As Word (text only)