Igreja do Menino Deus
Igreja do Menino de Deus
Lisboa, Lisboa, Portugal
1737
Arquitectos: João Antunes (1642–1712), João Frederico Ludovice (1670–1752), Custódio Vieira (c.1690–c.1744); pintores: Francisco Vieira de Matos (ou Vieira Lusitano, 1699–1783), Inácio de Oliveira Bernardes (1685–1781), André Gonçalves (1685–1762), André Ruvira [n.d.], Francesco Pavona [n.d.]; pintores do tecto e de perspectiva: João Nunes de Abreu [n.d.], Jerónimo da Silva [n.d.], Abreu da Serra [n.d.], Vitorino Manuel da Serra [n.d.]; escultor: Giovanni Bellini de Pádua [n.d.].
Arquitectura religiosa, igreja.
Rei D. João V e sua mulher, D. Mariana de Áustria.
A primeira pedra da igreja do Menino Deus, em Lisboa, das Franciscanas Manteladas de Xabregas, foi lançada pelo próprio rei, D. João V, em 1711, tendo-se iniciado então, também, a construção de dependências conventuais e de um hospital. Em 1719, não estando ainda o edifício concluído, já a comunidade religiosa o habitava; cerca de 1730, procedeu-se ao enriquecimento decorativo do interior, mas só em Março de 1737 a igreja veio a ser consagrada.
Pouco afectado pelo terramoto de 1755, pelo que acolheu as paróquias de Santo André, São Salvador e S. Tomé, o recolhimento ou convento foi parcialmente destruído por dois incêndios, em 1807 e em 1847. Encerrada a igreja em 1910 e disperso o seu património móvel, a sua importância histórica e arquitectónica justificaram a classificação como Monumento Nacional, em 1918. Uma campanha de reabilitação, iniciada em 1933 pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), levou à instalação da comunidade de São José de Cluny, em 1945, na zona devoluta do recolhimento, adaptando-o às necessidades assistenciais de um centro social para a infância, que ainda ali hoje funciona.
Fachada de dois pisos, toda em cantaria, incompleta, faltando um provável remate de duas torres sineiras, que nunca chegaram a ser construídas mas que aparecem marcadas pela disposição de pares de pilastras laterais. Portal único, ladeado por colunas de ordem compósita e fuste canelado, sobrepujado por frontão curvo interrompido, a eixo do janelão central. No piso superior, rasgam-se três nichos, vazios. O corpo do recolhimento, com claustrim, desenvolveu-se para sul, com embasamento em cantaria e andar nobre com vãos de cornija saliente, ao gosto de setecentos. O interior da igreja apresenta planta centralizada, um "rectângulo de ângulos cortados" ou um octógono irregular, ritmado por pilastras caneladas coríntias e inteiramente revestido com mármores policromos, para o qual abrem oito capelas. Os retábulos laterais de talha dourada apresentam telas de André Gonçalves e André Ruvira, enquanto as telas da capela-mor são de Francisco Vieira Lusitano e Francesco Pavona. O tecto da nave tem uma composição em perspectiva (quadratura) sobre a Apoteose de S. Francisco.
View Short DescriptionObra encomendada por D. João V inicialmente a João Antunes, arquitecto régio, e, depois, aos também arquitectos régios João Frederico Ludovice (1670-1752) e Custódio Vieira (c.1690-1744). A planta centralizada, uma rica decoração interior de mármores coloridos e a encomenda do recheio pictórico aos mais destacados pintores da época revelam a imposição dos padrões de gosto joanino, inscrevendo a igreja do Menino Deus no ciclo das grandes obras do reinado de D. João V, que culminaria com a construção da Basílica e Convento de Mafra.
Evidência histórica e análise estilística.
Interior
C. 1730
Arq. João Antunes (1642–1712) e outros; pintura: André Gonçalves (1685–1762) e André Ruvira [n.d.]
Nos retábulos laterais, de talha dourada, telas de André Gonçalves (Estigmatização de S. Francisco, A Educação da Virgem, O Milagre das Rosas, Beatas Mafalda, Teresa e Sancha, São Miguel Arcanjo e Assunção da Virgem) e de André Ruvira (São José e o Menino), datáveis de 1730.
Interior
C. 1730
Jerónimo da Silva, Vitorino Manuel da Serra, João Nunes de Abreu. Datas desconhecidas.
No tecto da nave, de madeira, composição perspéctica de arquitecturas fingidas e painel central com a Apoteose de S. Francisco.
Capela-mor
C. 1730-1740
Francisco Vieira de Matos (Vieira Lusitano, 1699–1783) e Francesco Pavona [n.d.]
Na capela-mor, poligonal, com retábulo marmóreo, dispõem-se duas telas, uma por banda, de Francisco Vieira Lusitano (S. Francisco Despojado dos Hábitos Seculares), c.1730, e de Francesco Pavona (Trânsito de S. Francisco), c.1736-1740, com molduras também de mármore.
Capelas laterais do lado do Evangelho
C. 1730
André Gonçalves (1685–1762)
Dois óleos sobre tela representando a Assunção da Virgem e o Milagre das Rosas, este último relacionado com a lenda associada à vida da rainha Santa Isabel de Aragão (1270–1336), mulher de D. Dinis I (1261– 1325).
Baptista, H., Claustro do Menino Deus, nº. 18/19, Revista da Câmara Municipal de Lisboa, 1943.
Synek, M., A Igreja do Menino Deus: peça importante do Barroco Olisiponense que resistiu ao Terramoto de 1755 e cuja autoria é discutível, Revista da Câmara Municipal de Lisboa, S.2, nº.5, Lisboa, 1983.
Brito, J., A Igreja do Menino Deus, A Pintura de Perspectiva de Tecto, Tese de Mestrado, Universidade Lusíada, Lisboa, 2000.
A Igreja do Menino Deus, C. M. L., 2005.
Miguel Soromenho "Igreja do Menino Deus" in "Discover Baroque Art", Museum With No Frontiers, 2024. https://baroqueart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;BAR;pt;Mon11;14;pt
Autoria da ficha: Miguel Soromenho
Número interno MWNF: PT 14